"A maioria das pessoas cai em um hábito mecânico de pensamento tão facilmente como elas caem em um hábito mecânico corporal que é a conseqüência imediata" F. M. Alexander
Problemas
como rouquidão, bronquite e dor nas costas podem ser agravados pelos maus
hábitos corporais. Sendo assim, a proposta dessa técnica australiana é fazer um
bom uso do corpo para ter saúde.
O australiano Frederick Matthias Alexander era
um ator bem- -sucedido no final do século XIX. Conhecido por seu exímio talento
como declamador das obras de Shakespeare, Alexander viu sua carreira ruir
quando uma rouquidão crônica praticamente lhe roubou toda a voz. Desacreditado
por seus médicos — que não conseguiam descobrir o porquê de o problema se
manifestar quase sempre durante suas declamações —, ele passou a observar minuciosamente
seu corpo. Por fim, concluiu que sua postura e seus pensamentos estavam influenciando
negativamente o desempenho de sua voz e seu processo de respiração. Nascia,
assim, a Técnica de Alexander, abordagem que visa reconhecer, entender e
impedir a repetição de atitudes que afetam a coordenação neuromuscular.
“Trata-se de um processo educacional no qual aprendemos a evitar aqueles
hábitos que, sem nos darmos conta, criam tensões, enrijecimentos e dores. Eles
afetam não só os movimentos, mas também o modo de pensar, sentir e agir”,
resume Ana Thomas, professora e membro da Associação Brasileira da Técnica
Alexander (ABTA).
Um dos
carros-chefes da Técnica de Alexander é o procedimento batizado de Controle
Primário. Ele busca harmonizar a relação da cabeça com o pescoço e as costas,
provocando menos tensão na musculatura. Seus benefícios, entretanto, são
extensos e vão muito além do aprimoramento do aporte vocal.
Um
estudo feito em parceria pelas universidades inglesas de Southampton e Bristol,
por exemplo, elegeu a Técnica de Alexander como a melhor alternativa para
reduzir dores nas costas. A pesquisa dividiu 579 voluntários que sofriam com o
problema em quatro grupos, de acordo com o tipo de tratamento: atendimento
normal, massagem, massagem com aulas de Técnica de Alexander e apenas aulas
específicas de Técnica de Alexander.
A
surpresa foi que os pacientes submetidos à prática australiana apresentaram uma
média de 3 dias de dores, contra 21 dias das demais abordagens. “São infinitas
as possibilidades de alcance da técnica, sendo o controle da tendinite e da
bronquite asmática algumas dessas possibilidades. Entretanto, esses benefícios
são simplesmente efeitos de um trabalho sobre nossos próprios hábitos. É como
um novo ‘uso de si mesmo’”, esclarece Ana, fazendo uso e destacando a frase que
dá nome a um dos livros de Alexander publicados no Brasil.
Em
2008, um estudo publicado pelo British
Medical Journal mostrou que a Técnica de Alexander é benéfica para
o tratamento de dor crônica nas costas, mas, de acordo com Lopes, ela
também pode auxiliar no tratamento de dificuldades respiratórias, hérnia de
disco, má postura, lesões por esforços repetitivos (LER), síndromes de fadiga
crônica, problemas nas articulações, estresse e dificuldades de aprendizagem ou
no desempenho de atividades cotidianas e profissionais.“Observam-se
também mudanças nos estados mentais e emocionais, proporcionando menor
agitação e ansiedade”, conclui.
Outro
importante diferencial da técnica é uma avaliação personalizada do aluno. São
justamente as necessidades vivenciadas em seu dia a dia que pautarão as
atividades desenvolvidas em cada sessão. “Trazemos o cotidiano para a aula. Por
ser um trabalho voltado para a vida real e prática, trabalhamos as necessidades
de um músico com seu instrumento, de alguém que trabalha muitas horas digitando
diante do computador, do esportista, do ator, da dona de casa, entre outros
exemplos”, completa a terapeuta.
A
rigidez muscular e a má postura prejudicam o funcionamento geral do corpo,
provocando desde dor nas costas a perda de produtividade profissional. A
Técnica de Alexander promove a harmonia dos movimentos para melhorar a
qualidade de vida.
Como
funcionam as sessões?
As
aulas de Técnica de Alexander geralmente são individuais e duram
aproximadamente 45 minutos. Elas envolvem uma avaliação musculoesquelética do
aluno quando parado e em movimento. Presta-se, ainda, uma atenção especial na liberação
indesejada da cabeça, no pescoço e na tensão muscular ao longo da coluna
vertebral. Para completar, a abordagem não visa movimentos mecânicos e
repetitivos: o professor guia o aluno com toques sutis e orientações verbais
para que ele vivencie uma nova experiência de se mover, respirar, ouvir e
sentir. “O corpo não é sustentado por uma postura, mas por um conjunto de
estruturas corporais e mentais. Com a T.A., o que chamamos de postura é efeito
de um corpo harmonioso, coordenado e ativo. Brinco que ela condena à
liberdade”, decreta a professora Ana Thomas.
5 RAZÕES PARA CONHECER O MÉTODO
5 RAZÕES PARA CONHECER O MÉTODO
1. Um dos focos da abordagem é a tensão muscular, que interfere negativamente nos reflexos, na coordenação motora, e pode acarretar em perda de produtividade no ambiente profissional.
2. As aulas estimulam o alinhamento correto da coluna, dos ombros e também da cabeça. O objetivo buscado é evitar ou diminuir as dores nas costas, nos ombros, assim como torcicolos.
3. A T.A. melhora a qualidade da expressão vocal. “Para nos expressarmos por meio da fala e do canto, usamos inúmeros movimentos corpóreos. Quanto mais organizado e livre eles estiverem, tanto melhor serão suas respostas”, explica Ana.
4. A técnica proporciona a consciência de que cada pessoa é responsável pelas condições de funcionamento de seu corpo, sendo igualmente apta a corrigir hábitos prejudiciais à saúde.
5. A T.A. também melhora a respiração de forma significante.
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