domingo, 20 de janeiro de 2013

Técnica de Alexander...



"A maioria das pessoas cai em um hábito mecânico de pensamento tão facilmente como elas caem em um hábito mecânico corporal que é a conseqüência imediata" F. M. Alexander 

Problemas como rouquidão, bronquite e dor nas costas podem ser agravados pelos maus hábitos corporais. Sendo assim, a proposta dessa técnica australiana é fazer um bom uso do corpo para ter saúde.

O australiano Frederick Matthias Alexander era um ator bem- -sucedido no final do século XIX. Conhecido por seu exímio talento como declamador das obras de Shakespeare, Alexander viu sua carreira ruir quando uma rouquidão crônica praticamente lhe roubou toda a voz. Desacreditado por seus médicos — que não conseguiam descobrir o porquê de o problema se manifestar quase sempre durante suas declamações —, ele passou a observar minuciosamente seu corpo. Por fim, concluiu que sua postura e seus pensamentos estavam influenciando negativamente o desempenho de sua voz e seu processo de respiração. Nascia, assim, a Técnica de Alexander, abordagem que visa reconhecer, entender e impedir a repetição de atitudes que afetam a coordenação neuromuscular. “Trata-se de um processo educacional no qual aprendemos a evitar aqueles hábitos que, sem nos darmos conta, criam tensões, enrijecimentos e dores. Eles afetam não só os movimentos, mas também o modo de pensar, sentir e agir”, resume Ana Thomas, professora e membro da Associação Brasileira da Técnica Alexander (ABTA).
Um dos carros-chefes da Técnica de Alexander é o procedimento batizado de Controle Primário. Ele busca harmonizar a relação da cabeça com o pescoço e as costas, provocando menos tensão na musculatura. Seus benefícios, entretanto, são extensos e vão muito além do aprimoramento do aporte vocal.















Um estudo feito em parceria pelas universidades inglesas de Southampton e Bristol, por exemplo, elegeu a Técnica de Alexander como a melhor alternativa para reduzir dores nas costas. A pesquisa dividiu 579 voluntários que sofriam com o problema em quatro grupos, de acordo com o tipo de tratamento: atendimento normal, massagem, massagem com aulas de Técnica de Alexander e apenas aulas específicas de Técnica de Alexander.


A surpresa foi que os pacientes submetidos à prática australiana apresentaram uma média de 3 dias de dores, contra 21 dias das demais abordagens. “São infinitas as possibilidades de alcance da técnica, sendo o controle da tendinite e da bronquite asmática algumas dessas possibilidades. Entretanto, esses benefícios são simplesmente efeitos de um trabalho sobre nossos próprios hábitos. É como um novo ‘uso de si mesmo’”, esclarece Ana, fazendo uso e destacando a frase que dá nome a um dos livros de Alexander publicados no Brasil.
Em 2008, um estudo publicado pelo British Medical Journal mostrou que a Técnica de Alexander é benéfica para o tratamento de dor crônica nas costas, mas, de acordo com  Lopes, ela também pode auxiliar no tratamento de dificuldades respiratórias, hérnia de disco, má postura, lesões por esforços repetitivos (LER), síndromes de fadiga crônica, problemas nas articulações, estresse e dificuldades de aprendizagem ou no desempenho de atividades cotidianas e profissionais.“Observam-se também  mudanças nos estados mentais e emocionais, proporcionando menor agitação e ansiedade”, conclui.
Outro importante diferencial da técnica é uma avaliação personalizada do aluno. São justamente as necessidades vivenciadas em seu dia a dia que pautarão as atividades desenvolvidas em cada sessão. “Trazemos o cotidiano para a aula. Por ser um trabalho voltado para a vida real e prática, trabalhamos as necessidades de um músico com seu instrumento, de alguém que trabalha muitas horas digitando diante do computador, do esportista, do ator, da dona de casa, entre outros exemplos”, completa a terapeuta.
A rigidez muscular e a má postura prejudicam o funcionamento geral do corpo, provocando desde dor nas costas a perda de produtividade profissional. A Técnica de Alexander promove a harmonia dos movimentos para melhorar a qualidade de vida.
Como funcionam as sessões?
As aulas de Técnica de Alexander geralmente são individuais e duram aproximadamente 45 minutos. Elas envolvem uma avaliação musculoesquelética do aluno quando parado e em movimento. Presta-se, ainda, uma atenção especial na liberação indesejada da cabeça, no pescoço e na tensão muscular ao longo da coluna vertebral. Para completar, a abordagem não visa movimentos mecânicos e repetitivos: o professor guia o aluno com toques sutis e orientações verbais para que ele vivencie uma nova experiência de se mover, respirar, ouvir e sentir. “O corpo não é sustentado por uma postura, mas por um conjunto de estruturas corporais e mentais. Com a T.A., o que chamamos de postura é efeito de um corpo harmonioso, coordenado e ativo. Brinco que ela condena à liberdade”, decreta a professora Ana Thomas.


5 RAZÕES PARA CONHECER O MÉTODO

1. Um dos focos da abordagem é a tensão muscular, que interfere negativamente nos reflexos, na coordenação motora, e pode acarretar em perda de produtividade no ambiente profissional.
2. As aulas estimulam o alinhamento correto da coluna, dos ombros e também da cabeça. O objetivo buscado é evitar ou diminuir as dores nas costas, nos ombros, assim como torcicolos.
3. A T.A. melhora a qualidade da expressão vocal. “Para nos expressarmos por meio da fala e do canto, usamos inúmeros movimentos corpóreos. Quanto mais organizado e livre eles estiverem, tanto melhor serão suas respostas”, explica Ana.
4. A técnica proporciona a consciência de que cada pessoa é responsável pelas condições de funcionamento de seu corpo, sendo igualmente apta a corrigir hábitos prejudiciais à saúde.
5. A T.A. também melhora a respiração de forma significante.



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