Embora mais comum na quarta década de vida, a PFP pode atingir até adolescentes. A doença não escolhe sexo, não dá avisos e é limitante. O susto e o desespero são naturais, porque o distúrbio abala a pessoa tanto física quanto emocionalmente. “Além da questão estética, há comprometimento da funcionalidade da boca e dos olhos. Às vezes, é preciso se afastar do trabalho, porque a fala e a mastigação são comprometidas. O paciente sente-se constrangido em sair de casa”, explica a fisioterapeuta Marina Berti.
O nervo facial não é apenas uma estrutura motora que possibilita os movimentos do rosto. A inervação dessa região é também sensitiva e, quando afetada, altera o paladar e a própria sensibilidade. A neurocirurgiã do Hospital Brasília Valéria de Araújo explica que é comum as vítimas da PFP imaginarem que a manifestação seja sintoma ou sequela de um acidente vascular cerebral. “O exame clínico é importante para o diagnóstico diferencial. A paralisia facial decorrente de AVC é central e normalmente desvia a boca, mas a testa e os olhos são preservados”, observa. De qualquer forma, testes específicos, como tomografia computadorizada e ressonância magnética de crânio, devem ser conduzidos para investigar a causa do problema. “Fisiologicamente, é como se o nervo tivesse desligado. Por isso, quanto mais precoce o diagnóstico e tratamento, melhor a chance de recuperação completa, que ocorre na maioria dos casos”, diz.
Cerca de 70% das paralisias faciais são periféricas. A PFP pode ser provocada por trauma decorrente de pancadas ou perfurações no rosto, infecções no nervo facial ou no ouvido, lesões pós-cirúrgicas, diabetes e até estresse, no caso daqueles que já têm a predisposição para o distúrbio. Entre 50% e 70% dos casos, no entanto, a mazela não está relacionada a tais transtornos. O otorrinolaringologista do Hospital de Base do Distrito Federal André Sampaio adianta que, até pouquíssimo tempo atrás, quando o nervo facial sofria o “desligamento” e a raiz do transtorno não era encontrada, a PFP era identificada como idiopática ou paralisia de Bell. “Hoje, já sabemos que a paralisia de Bell é resultado da ação de um vírus que atinge o gânglio geniculado, estrutura relacionada ao ouvido. Nesse caso, o tratamento é feito com corticosteroides e antivirais”, diz o especialista.
Quando bem acompanhado, o paciente se recupera em algumas semanas. Tanto neurologistas quanto otorrinolaringologistas são unânimes em afirmar que, seja qual for a causa da PFP, a fisioterapia é fundamental no processo de recuperação.
Nas sessões de fisioterapia, são adotadas técnicas que aceleram a recuperação das funções muscular, ocular e mastigatória. Os fisioterapeutas trabalham com estímulos motores e sensitivos que auxiliam a recuperação da sensibilidade, uma queixa constante de pacientes com PFP. “Usamos também a drenagem linfática, para eliminar substâncias tóxicas na face, e exercícios de mímica facial”, observa a fisioterapeuta Marina Berti. Ela reforça que o envolvimento de outros profissionais, como fonoaudiólogos e psicólogos, também pode ser necessário. “A PFP limita seriamente o dia a dia do paciente. Ela compromete o rosto, que é nosso cartão de apresentação. Isso traz, sem dúvida, abalo em todos os sentidos. A ajuda de uma equipe multidisciplinar aumenta as chances de recuperação total”, garante.
FONTE: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=467132210030944&set=a.156411584436343.40069.125861970824638&type=1&theater
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